Quem me conhece, sabe que sou apaixonada por cães, em especial os vira-latas que vivem na rua. Digo os da rua, porque felizmente muitos dos cães hoje denominados SRD (sem raça definida) encontram um lar logo ao nascer. Outros são resgatados dos centros de controle de zoonoses ou adotados em abrigos, e também têm aqueles que são retirados dos perigos e incertezas da rua por pessoas generosas que abrem espaços em suas vidas e casas para socorrê-los. Mas, mesmo tendo um teto, esses cães fiéis e dóceis não deixam de ser nossos amados vira-latas. Costumo dizer que vira-lata é uma filosofia de vida, bastante arriscada nos dias de hoje, diga-se de passagem.
Você certamente já foi, ao menos uma vez, agraciado com um olhar amigável ou mesmo com a companhia alegre de um vira-lata, enquanto esperava o ônibus ou voltava da padaria. De todos e de ninguém, autônomos e resistentes às intempéries, os vira-latas estão em extinção. Parece um contra-senso esta afirmação?
Amedrontados e maltrapilhos, eles subsistem nas vias públicas, até que a carrocinha os carregue, sejam atropelados nesse trânsito frenético ou definhem, vitimados pelos vermes e vírus, aos quais estão sujeitos pela precariedade da alimentação e condições de higiene. Se vivesse nas ruas de São Paulo ou qualquer outra cidade brasileira, hoje, o Vagabundo, de Disney, certamente não acharia a vida tão romântica. Melhor mesmo é ter um cantinho seguro e condições de existência dignas. Aliás, nós humanos estamos comprometidos direta e estreitamente com o bem-estar dessa espécie, domesticada há milhares de anos. Além da necessidade de companhia humana, tem também a questão do meio ambiente, absolutamente austero para qualquer ser vivo. Sim, o que diremos das pessoas que hoje vivem na rua? Mas esta é uma questão que não posso alcançar aqui, pelo menos, não agora.
A campanha "Mude este quadro, adote um vira-lata.", com imagem criada pela Mel, minha sobrinha de sete anos, é uma iniciativa minha e tem o objetivo de ajudar quem recolhe e cuida desses pequeninos, além de conscientizar as pessoas sobre a relevância da adotação, ao invés da compra, quando se decide ter um cãozinho. Vale dizer que a segunda opção pode incentivar a promoção de ninhadas em série, sem a preocupação com o destino dos filhotes e, não raras vezes, abusando da saúde da mãe. Quem já viu um pregão de "criadores" em portas de parques ou em feiras, sabe do que estou falando. Alguns bichinhos acabam sendo empurrados por força da pechincha e depois abandonados.
A campanha consiste na venda de porta-celulares, feitos com os retalhos dos retalhos dos bornais. Na confecção de minhas peças, utilizo saldos de lojas de tecido e de confecções de camisaria. Esta é a forma que encontrei para ajudar mais cães, já que não tenho condições financeiras, nem espaço físico para abrigar nenhum outro além dos três que já adotei, o Daniel, a Nina e o Pequeno.
O valor do porta-celular, disponível em dois tamanhos, é R$ 8, sendo que, deste montante, 80% será revertido para ações como vales-castração (valor pago diretamente às instituições que realizam esse serviço, a um custo menor, para pessoas com renda insuficiente) ou doações diretas para abrigos. Fica a critério de vocês, que podem sugerir ou escolher entre os listados como prioritários, e até fazer diretamente o depósito. Serão disponibilizadas listas: uma com o nome e número da conta, contato e telefone das entidades, e outra com o nome dos animais a serem encaminhados para castração e sua procedência, também obedecendo ao critério de carência de recursos de seus donos.
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